ítaca e áfrica

de ítaca roubei helenas tantas
em áfrica montei os sete mares
casei-me com mulheres todas santas

cobri meu corpo gasto de alamares.

as vidas são mais tantas e mais quantas
em muros e desejos sacripantas
castrados e vertidos pelos ares?

poetas são delírios bem vulgares.

romério rômulo

3 setembro, 2013 at 10:49 am 8 comentários

o dedo de caravaggio, 1

eu vou morrer dos licores
avermelhados, chumaços
entalhados em pedaços
dos mares dos teus amores

no podre destes espaços
molhado pelo de cujo
encontrei o santo sujo
das tardes e dos mormaços
por onde extravio as dores

vou montar estardalhaços
com meus estritos pavores
no corte dos teus embaços.

romério rômulo

4 agosto, 2013 at 5:06 am 2 comentários

prumo

não vou tratar de inimigos
não vou trazer rancor na minha pálpebra
não vou deixar a pressão fora do prumo

me ame quem quiser
meu olho é sujo

toda noite há um cão no meu espaço.

romério rômulo

14 julho, 2013 at 9:15 am 1 comentário

fragmento das bigornas

se pensas que me adornas
no corpo dentro de mim
vou martelar as bigornas
nos pelos do teu jardim

o resto são carnes mornas
já vindas de onde eu vim
eu quero ver se me entornas
nos pelos do teu jardim

vou martelar as bigornas
no corpo dentro de mim

bigornas contra bigornas
mas vindas de onde eu vim.

romério rômulo

30 junho, 2013 at 2:47 pm Deixe um comentário

a língua de camões

1.
mais amaríeis meu cortado canto
se mais soubésseis como sois amada
e navegásseis pelo meu espanto.
2.
se me amásseis tamanho eu vos diria
da dura solidão dos precipícios
da falsa imensidão dos sodalícios
da cortada razão dos meus ofícios

se me amásseis por certo eu vos diria

e a minha voz em voz por todo canto
decerto iria quebrar-vos em espanto.
3.
senhora, eu vos amei por tanto, em tudo
que de camões busquei o meu primeiro
estado de um estado verdadeiro
e vos cantei canções que são veludo.
4.
se os arcabouços meus em vós levásseis
e se dormísseis no meu louco porto
e mais amásseis o meu antro torto
e se acordásseis meu poema morto

faríeis meus duelos bem mais fáceis.

romério rômulo

9 junho, 2013 at 7:38 am 1 comentário

ser carolina é fatal

ser carolina é fatal
(para chico buarque)

vou encontrar carolina
no branco do meio dia
no branco daquela pele
pétala de roseiral
num verso que me fogueia

ser carolina é fatal.

romério rômulo

2 junho, 2013 at 10:23 pm 1 comentário

maradona é o teorema

1.
esganei régua e compasso
pra montar o meu esquema
abracei todos e abraço
meu sentido de dilema
se embaço ou não embaço
minha carne de morfema
pelo corpo de embaraço
eu nasci e ainda nasço
abrasado no poema:
o poema é meu espaço.

eu trago como problema
maradona no pedaço:

maradona é o teorema.

2.
maradona e lampião, à revelia
são o pecado perfeito da poesia.

romério rômulo

26 maio, 2013 at 5:10 am Deixe um comentário

uns idiotas me pararam

uns idiotas me pararam
e me disseram umas poucas e boas:
que eu não caminho direito
e nem bato continência como devo
que a minha contra-mão é perdida
e só eles dominam os arcos do mundo.

só eles sabem
e eu nem sou a revelação de um segredo.

contra eles eu só carrego a nudez do dia
e um desejo à esquerda da terra.

romério rômulo

5 maio, 2013 at 5:09 am Deixe um comentário

as deusas de Kandinsky, 1

as deusas brancas:
chumaços de algodão
pelas barrancas

as deusas negras:
extratos de carvão
das trancas

as deusas, luzes
fumaça, contração
de obuses.

romério rômulo

14 abril, 2013 at 3:45 am 2 comentários

rivotril, 44

rivotril, o levedo permanente
versa tudo do couro menestrel
sua boca, retorta, puro dente
morde mais do que bala parabel

como carne travada, incandescente
numa terra montada a leite e fel
todo dia põe guizo na serpente.

rivotril é o diabo. foi pro céu.

romério rômulo

7 abril, 2013 at 7:47 am Deixe um comentário

terras, 2

a musa que me escorraça
é pura agonia lenta
cozida em samba e cachaça
madeira, fogo e fumaça

por terras que não se inventa.

romério rômulo

17 março, 2013 at 6:04 am 1 comentário

licores, 5

de tudo, meu bem, me lembro:
não chegaram, por ainda
os licores de dezembro.

do teu amor me padeço.
me faltam agora, viu?
na minha paixão infinda
os teus licores de abril.

de nada, meu bem, me esqueço.

romério rômulo

10 fevereiro, 2013 at 4:13 pm 2 comentários

vou me casar com clarice

vou me casar com clarice

1.
se eu me casar com clarice
-scliar que me responda-
terei de usar terneta?
terei de virar asceta?

o que faço? desde onde?
crio alma de poeta?

2.
depois das paixões mais loucas
depressões, esquisitices
scliar a vai pintar
e eu me caso com clarice

se surgir algum desvio
destes de último ato
pela costela de um rio!
me caso com seu retrato.

3.
quando a moça caminha pelos pastos
seus cabelos de nuvens, insensatos
os seus elos do mundo, tantos rastros
dos cavalos que roem alabastros.

4.
depois de festas vadias
clarice e eu nos amamos

nos rasgos da noite pia
clarice e eu nos casamos

na borda da luz do dia
clarice e eu nos matamos.

romério rômulo

28 janeiro, 2013 at 4:40 am 5 comentários

a musa te arquiva entre os devassos

(remontar a musa, 1)

remonto a musa pelo seu joelho
junto bedéis, verrumas, um artelho
um gato vil, cruel como abril
feitiço nu bordado no espelho

nonada. a musa é a dura madrugada
que te consome a carne numa espada
que te corrompe o corpo feito nada
que te arranca o olho na mirada

comidas as missões, puros espaços
montadas solidões dos meus abraços
rimadas as monções e os seus traços
soçobram os navios nos bagaços

somados os pedaços, todos lassos
a musa te arquiva entre os devassos.

romério rômulo

12 janeiro, 2013 at 3:37 am 1 comentário

sobre dezembros vamos dizer amanhã

abri minhas pastas e livros
e só encontrei dezembros.
sempre o final dos tempos
que me persegue e me atrai.
vi as noites, os taludes, os cachorros e seus antros
todos a lamberem dezembros.
meu olho indevido e a minha carne suja
pisaram os dezembros do corpo.
somos o implícito do tempo, a pele seca das garças
o antemão de tudo.
vestido em viagem
pus meu olho a serviço das pragas
revelei todas as tentações
e despejei meus desejos sobre o amiúde da vida.

o sopro do meu lábio e o vale do meu dente
só mostraram o tempo lavado.

sobre dezembros
vamos dizer amanhã.

romério rômulo

29 dezembro, 2012 at 4:13 am 1 comentário

nau francesa, 1

seu rosto de framboesa
sua carne de marfim
uma carne eterna acesa
do lábio por onde eu vim
seu gesto de nau francesa
tudo princípio do fim

quero saber da torpeza
que bate dentro de mim.

romério rômulo

23 dezembro, 2012 at 6:09 am Deixe um comentário

ordem do dia

ordem do dia

chamei os amigos à ordem do dia
e decidi revelar-lhes o estanho da cara:

quanto de mim é um anjo
e quanto assombração e pedra.

ficaram as vergonhas, todos os silêncios
e as vidas dos silêncios.

desmontei das sombras
e me afundei nas aguadas.

os cavalos, sobrados em pelo,
caminharam sobre a terra do cão.

romério rômulo

21 novembro, 2012 at 12:03 pm 1 comentário

meu anjo do sertão, 1

sobre mim há um olhar de só paixão
e um olhar bem maior que me odeia

manuelzão traz cavalos numa peia
com as éguas, estrelas do desvão
sua mão me defende e me rodeia

fui benzido nas águas do sertão.

romério rômulo

22 setembro, 2012 at 11:13 am 1 comentário

maradona e joão cabral

joão cabral quebrou a porta
cortou um pé de jurema
maradona driblou reto
e descreveu o poema
cabral respondeu: de certo
maradona é um teorema
e o teorema mais perto

teceram pelas manhãs
com o gado na invernada
usaram só um dobrado
dos seus benditos punhais
cabral com a rima seca
mais seca pelos sobrados
maradonas infernais

maradona foi refeito
na linha de pernambuco
topou com o rio ganges
onde comprou um trabuco
e montou umas falanges
pelo verso mais perfeito
com cabral, elo maluco

descrevo o circo sem lona
onde tudo é tal e qual
ah! se eu fosse joão cabral!
ah! se eu fosse maradona!

romério rômulo

1 agosto, 2012 at 3:30 am 4 comentários

fragmento por joão cabral

o amor comeu minha mentira, meu riso, minha dor.
o amor comeu o meu escasso e o meu amplo
o meu terno e a minha companhia.
os meus dedos se perderam nas suas procissões
nas suas leituras e cadências.

quando o amor chegava eu via o desespero da morte.

romério rômulo

12 julho, 2012 at 4:55 am Deixe um comentário

quando todos partirem

1.
quando todos partirem
eu vou ficar sem muros
e o silêncio dos cachorros
vai desabar sobre mim

penso nas ladainhas a rezar
nos bancos que serão meus assentos
e na ausência das aves

as pedras do meu olho
vão cair nos rios
e a minha mão
vai moer as cordas do tempo

pela noite
minhas facas saberão das noites a cortar
dos bichos a saber
e do meu corpo desfraldado

as carnes não deixarão rastros
e o ferro das ruínas
não caberá no poema.

2.
quando o mundo acabar
vou mutilar meus braços
meu hálito, meu desacerto.

quando o mundo acabar
vou desatar a glória
dos deuses correntes:
todos os diabos vão ficar nos cantos
das vias destratadas

os sóis serão banidos
e o começo de tudo estará pronto
(cozido, costurado, morto)

no adro do tempo
nem o meu coração tremido
vai bater.

romério rômulo

8 julho, 2012 at 10:30 am 1 comentário

dig it, Seamus Heaney!

dig it, Seamus Heaney!

na poesia
debruçar sobre as vogais
os cerrados
e revolver as mulas da infância

quanto tempo gastei meu corpo bêbado
sobre os montes de terra
com as ferragens cozidas
pelos modos das gentes do meu povo

quantas guerras fiz
no meu braço de arame
que comia hóstias, corpos de santos
e moças fora do tempo

quantas sílabas contive nos dentes
com todos a me cobrar
a dívida da história.

são outros os perdões que eu mesmo peço.

romério rômulo

21 junho, 2012 at 1:42 pm 2 comentários

a orelha dura de van gogh

a minha carne é extrato em ferro
de uns demônios que destroem, loucos
os pavimentos do mundo e me cancelam

umas linguagens mortas, destratadas
pelo desejo de uma mão dobrada
que lhes entregue o morto a cada noite

quando romper o escuro é permanência
quando subir tapumes é maldade
ao me sobrar o canto iluminado

pela boca febril de caravaggio
pela orelha dura de van gogh
neste fantasma de casa que me cerca.

romério rômulo

19 junho, 2012 at 4:10 am 1 comentário

vila, 1

esta vila é uma verdade
plena de matos e pedras
rica de ouros e águas
espraiados pelos corpos
que ontem se viram escravos
nos atos mais comezinhos

onde cada ponte leva
onde cada água afunda
a memória dos algozes
do ouro por sucumbir
em lanhos, facas, machados
nos próprios ossos das gentes?

quanta carne se abriu
nos cantos desta cidade
que a fizeram roer ossos
e quebrar-se pelas pedras
entremeadas, devotas
com verdes caldos de lama?

o seu corpo é do diabo
a sua alma é fundida!

romério rômulo

18 junho, 2012 at 12:48 am Deixe um comentário

montar a musa, 5

montar a musa, 5

montar a musa é mais do que fatal
que além de tudo a engrenagem entoa
(que importa a mim se a bicharia roa?)
e eu enfio os pés no lodaçal.

juntadas as regiões nobres e as paletas
lavradas em oficinas, todas elas retas
montá-la é desmontá-la pelo avesso:

onde faltar questão, eu ponho gesso.

romério rômulo

12 junho, 2012 at 12:01 pm 1 comentário

quando um bordel me ocupa

minha casa é um agasalho
ocupado por scliar
onde afro-sambas e baden
vinicius, guignard, clarice
caminhavam seus direitos.

nos seus domínios inteiros
um minotauro vigia
as portas inanimadas
onde tantos que passaram
não passam mais por inteiro.

fugiram pelas paredes
levaram os seus cordéis
suas artes, suas frestas
seus corpos de pura sede.

umas terras me contornam
uns gados me alumiam.
alices, joaquinas, vós
celinas, mães ressecadas
me alegram a paciência
de lembrá-las por meu corpo.

quanto de mim vale um anjo
quando um bordel me ocupa
se os atos dos cilícios
não me contêm os pecados?

romério rômulo

6 junho, 2012 at 11:26 am 1 comentário

quanto de mim vale um anjo

quanto de mim vale um anjo
se cada vazio oculto
se traduz por um diabo
na alma cheia de dentes

meus cavalos e pedreiras
minhas glândulas atávicas
os umbrais da minha sede
prontamente se revelam

uns bois de olhos sagrados
me contemplam com seu dorso
de pura dureza vista
nos antanhos já bebidos

são anjos, demônios, roncos
de uma pele atrevida
já pisada de histórias
e pratas não semeadas

quantos deuses me engolem
quantas almas me sufragam
se a avó em ato louco
pôs suas asas sobre mim?

romério rômulo

2 junho, 2012 at 6:15 pm 1 comentário

maradona entrou na dividida

jesus cristo jogou para a platéia
maradona entrou na dividida
como entra no mundo a fé parida
a conter qualquer deus da galiléia

destoado nas vigas do sertão
por saber que a ventura desta vida
é a cabrocha, o luar e o violão.

romério rômulo

23 maio, 2012 at 8:29 pm Deixe um comentário

eu sempre amei demóstenes, 1, fragmento

meu desacerto com as águas
é pedra e ranço.
mandei as cachoeiras ao rebate dos bichos
ao estranho das coisas
à entranha do cerrado
ao último cerrado
à última instância do cerrado
em cada mão que me contém já morto.

romério rômulo

15 maio, 2012 at 5:42 am Deixe um comentário

carcará e maradona se bicaram

carcará e maradona se bicaram
pelos céus João do Vale do brasil
maradona movido a pé na bola
carcará decantado à dor de abril

carcará e maradona, à mesma hora
desataram o mundo que os pariu.

romério rômulo

10 maio, 2012 at 11:58 am 1 comentário

maradona é o caminho

apertei a lua cheia
no olhar da macambira
na fuga certa da teia
no extrato do horizonte
pura pedra, rala e monte
no calor da minha veia

o que na vida me atrasa
não posso fazer sozinho
já pisei em cova rasa
nasci na pele do minho
caldeirão é a minha brasa
estes lençóis são de linho

um surdo doido me arrasa.

sinfonia é só a nona
virgulino é meu caminho

ah! se eu fosse maradona!

romério rômulo

6 maio, 2012 at 5:05 am Deixe um comentário

maradona carcará

maradona carcará

maradona rasgou um pé de vento
já pregado no bicho carcará

bem olhado num verso lá de cima
maradona el pibe tá e num tá

perguntado se a vida é pura rima
maradona responde: é o que há

se a rainha brigar com maradona
ele pega no umbigo inté matá.

romério rômulo

22 abril, 2012 at 5:11 am Deixe um comentário

pelos 2 o sertão já virou mar

pelos 2 o sertão já virou mar
(maradona e conselheiro)

o sertão, meu amigo, é um inferno
onde um anjo harpeja seu delírio
quando a terra lavada é o martírio
a grunhir a desgraça ao padre eterno

maradona rasgou a travessia
com uns gados de múltiplos talentos
suas pernas rugiram como os ventos
que ressaltam os sons da romaria
viva joão e josé, salve maria
num bagaço de vida e de tormentos

seus chamados ao cristo criador
às vestais, todas puras nas igrejas
já nascidas nos antros do calor
orações todas prenhes de assim sejas
conselheiro, secreto sonhador
fez chegar seus desejos de igualdade
numa luta de fé e de verdade
pra valer os milagres do amor

que coubesse um diabo relator
nos sertões de euclides, nas vontades
das mulheres, crianças, do terror
pela terra ao rolar das vaidades
no sentido final do que é amar

maradona e o antônio salvador
que fizeram volantes se amargar
batem bola nos campos do senhor

o sertão, pelos 2, já virou mar.

romério rômulo

15 abril, 2012 at 6:27 pm 1 comentário

millôr & picasso

de millôr a picasso
o mundo é um puta
fracasso.

de picasso a millôr
o mundo é um estado
de horror.

romério rômulo

29 março, 2012 at 5:38 am 2 comentários

entrega

entrega

fui agora pedido em casamento
entre pragas, estragos e atropelos.
uma noiva por dia eu invento!

faço o quê pra cuidar dos meus cabelos?

romério rômulo

26 março, 2012 at 4:47 am 1 comentário

se eu fosse maradona, 37

se eu fosse maradona, 37

mesmo tomado de horror
devo beber cortisona
pra curar males de amor.

ah! se eu fosse maradona!

romério rômulo

21 março, 2012 at 3:39 am 1 comentário

maradona, lampião e padim ciço

maradona, lampião e padim ciço

lampião era pitoco
arretado no facão
padim ciço do pau oco
maradona confusão
remataram uma tormenta
botando fogo na venta
atrás da revolução.

lampião chegou primeiro
arregaçou o sertão
padim ciço, canhoteiro
botou água no feijão
maradona viu a bola
marcou um gol de canhão.

no olhar de maradona
visto quem chegou primeiro
che guevara com fidel
atrás do seu cancioneiro
pra fazer revolução
padim cícero romão
virgulino lampião
há que ter tiro certeiro.

o primeiro que arriscou
só levou chumbo na venta
mais feroz do que socó
mais ardido que pimenta
o segundo, bem maior
arrebentou a placenta
o terceiro gritou “nó”
isso aqui ninguém aguenta.

mais chegaram, mais morreram
não teve cabra sobrado
coronel foi bem mijado
e jogado pela treva
adão chegado com eva
gritou: minha condição
de homem daqui do eito
eu nasci neste rojão
onde a vida só tem jeito
no balaço e no facão
entrega meu paraíso
daqui eu não saio não.

pra salvar tião nuné
bocaiuvense de fé
maradona deu a mão.

romério rômulo

17 março, 2012 at 11:42 am 1 comentário

os mestres, os vandálicos, os loucos

1.
os mestres, os vandálicos, os loucos
não são os todos, e nem são muito poucos.
seus edredons são peles de camelos
suas carnes se respaldam em novelos
seus ovos são férteis nutrientes
a desmanchar e recozer os dentes.
quantas manhãs os vi a trovejar
os seus bafejos chegados d’ além mar.
2.
seus atos dominados por bobinas
se atropelam em todas as esquinas.

romério rômulo

12 março, 2012 at 7:33 pm 1 comentário

cavalos, maradona

os meus cavalos, estados do concreto
ao desmontar as dúvidas nos campos
desdobram luzes, quebram pirilampos.
cada cavalo é linha. todo cavalo é reto.

endoidecidos, as vidas pelos tampos
cavalo é um tormento. cavalo é um projeto.

no campo sempre, com o nervo pelo talo
há um maradona em estado de cavalo.

romério rômulo

8 março, 2012 at 10:34 am 3 comentários

medusa amarrada, 1 (maradona)

como sei disso tudo amigo meu?
são os astros de atenas revelados
na estátua cravada em ferro gusa

sobretudo nos olhos congelados
maradona se toma de perseu
e amarra os olhos da medusa.

romério rômulo

5 março, 2012 at 7:01 am 2 comentários

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