a língua de camões
9 junho, 2013 at 7:38 am romerioromulo1 1 comentário
1.
mais amaríeis meu cortado canto
se mais soubésseis como sois amada
e navegásseis pelo meu espanto.
2.
se me amásseis tamanho eu vos diria
da dura solidão dos precipícios
da falsa imensidão dos sodalícios
da cortada razão dos meus ofícios
se me amásseis por certo eu vos diria
e a minha voz em voz por todo canto
decerto iria quebrar-vos em espanto.
3.
senhora, eu vos amei por tanto, em tudo
que de camões busquei o meu primeiro
estado de um estado verdadeiro
e vos cantei canções que são veludo.
4.
se os arcabouços meus em vós levásseis
e se dormísseis no meu louco porto
e mais amásseis o meu antro torto
e se acordásseis meu poema morto
faríeis meus duelos bem mais fáceis.
romério rômulo
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1. Gilberto Cruvinel | 11 dezembro, 2014 às 8:40 pm
Quem pode livre ser, gentil Senhora,
Luís de Camões
Quem pode livre ser, gentil Senhora,
Vendo-vos com juízo sossegado,
Se o Menino que de olhos é privado
Nas meninas de vossos olhos mora?
Ali manda, ali reina, ali namora,
Ali vive das gentes venerado;
Que o vivo lume e o rosto delicado
Imagens são nas quais o Amor se adora.
Quem vê que em branca neve nascem rosas
Que fios crespos de ouro vão cercando,
Se por entre esta luz a vista passa,
Raios de ouro verá, que as duvidosas
Almas estão no peito trespassando
Assim como um cristal o Sol trespassa.