Archive for fevereiro, 2010

para bibi e dodó

“as musas me sumiram. quero vê-las
na tarde solta da cidade viva.
belas, encantos, olhos tantos
de um escuro que carrega o tempo.
se os seus silêncios dardejam o meu silêncio
tenho motivos para reclamá-las
e vejo a falta das suas palavras
na minha fala, um poema louco.
a mãe e o pai emitam seus sinais
pois,delas necessito mesmo, agora.

as musas me sumiram, quero vê-las
na tarde ainda. isto me salva a noite ! “

(para bibi e dodó)

Romério Rómulo

23 fevereiro, 2010 at 6:27 pm 11 comentários

mata e pelo

 

tua noite de gardênia, tênue
estátua, diz a mata e o pelo.
teu ego, um gelo de canhão
dilata, esmaga. em coração.

quando verteres teus olhos, lacerada
a tua boca vai dizer de mim,
tango, moita,a tua fala, amada,
como os rasos da alma me revelam.

pútrida fala, estirpe mais que dura,
vara travada, de ti todos esperam!

(mata e pelo)

[Per Augusto & Machina]

20 fevereiro, 2010 at 6:10 pm 5 comentários

quando a noite ramifica

 

meus ossos, extrato do meu corpo,
o meu cabelo, a linha da manhã,
os dedos, pincéis que só respiro
se detiveram em entrave.

meus ossos são loquazes.
meu olhar, duro do frio da vida,
quando a noite ramifica ternuras.

(quando a noite ramifica)

[Per Augusto & Machina]

14 fevereiro, 2010 at 9:29 pm 5 comentários

noite e ruptura

a noite trêfega, dura, me apavora.
meu sono é manhã adjacente.
são osso minha clave de delírio,
meu corpo marginal, incendiado.

falo noite e ruptura, quero andrajos
de palavras que quietem a voz
do vento apregoado do deserto
de uma voz que, outra, me apavora.

(noite e ruptura)

[Per Augusto & Machina]

9 fevereiro, 2010 at 11:36 am 11 comentários

merda no teu pelo

1.

a merda que sucumbe no teu pelo
ensimesmado
pode ser relatada.

2.

quando os cabedais que te revelam
somem na noite
cabe decifrar tua existência.

3.
 
dizer que as quimeras de tua carne
pouco valem?
espero que tua voz e carne calem!

( merda no teu pelo )

[Per Augusto & Machina]

7 fevereiro, 2010 at 9:56 am 4 comentários

lamber-de

 

1.
-vou me lamber de vento.
a tralha do corpo se refere ao múltiplo
estado transformado.
quando noite, somos velados por nossas pedras,
matrizes, nosso osso de espanto, nosso arregalar
de infernos.

2.
-vou me lamber de terra.

a lama embevecida das almas confere seu rito
de eva transformada. adão se estarrece
em simulacros. pouco sobra dos homens.
quando, terra, irei rever teus músculos?
quando, terra, terei dos teus unguentos?

3.
-vou me lamber de água.

o líquido pomposo se me estampa
favorece olhos. o apagar do tempo
está contido. cada gota de corpo
lambe sua última sílaba.

4.
-vou me lamber de fogo.

queimo-te, fogo, como me queimas,
polpa que se encarece em revides.
o tempo se nutre de ventre
e sobras.
o céu se fermenta em tuas línguas
quando a pele da vida corre
em veias.
as últimas aranhas percorrem teu rescaldo.

(lamber-de)

[Per Augusto & Machina]

3 fevereiro, 2010 at 5:53 pm 8 comentários


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