Archive for abril, 2011
corpo, 2
flor, paisagem, rosto, concha, tela
com o cio a pisar nos meus ouvidos
essa mulher é um riso e uma cadela
seu sopro e sua carne, eu caibo nela
e ao me tomar o corpo de ruídos
ela me monta, me torce e me atropela.
romério rômulo
corpo, 1
o meu cabelo louco cimentado
com o seu corpo todo alvenaria
vão se encontrar no quarto aqui ao lado
e produzir um rasgo pelo dia.
romério rômulo
bicho 1, fragmento
ouço da marília bela
o trovão absoluto
a palavra, toda ela
seu tormento resoluto
o seu olho de gazela
sua serpente, cadela
o seu uivo, a sua cela:
vou virar um bicho bruto.
romério rômulo
se eu fosse maradona, 22
1.
se eu fosse maradona
minha vela bujarrona
criava seu vendaval.
ser maradona é fatal!
2.
se eu fosse maradona
meu circo pobre de lona
acordava a fantasia.
ser maradona é poesia.
romério rômulo
absint, 1
a minha abstinência nas insônias
conduz a um pomo só de complacências
e os gomos já retidos nas vigências
são perdas apartadas das colônias.
os cáctus infernais da poesia
só me repisam o corpo nos espinhos
ao me domar a vida em água fria.
vou me enterrar nas losnas e nos vinhos.
romério rômulo
amor, 1
se o amor que me perverte não me amar
com a vida recurvada, em labirinto
pra amordaçar meu sono de absinto
rasgo o meu corpo e me atiro ao mar.
romério rômulo
olhar de cabul, 8
1.
se por acaso eu te ver
no meu olhar de cabul
é certo que vou morrer.
2.
se eu fingir que te vi
no meu olhar de cabul
é certo que já morri.
romério rômulo
absint, 2
a bala da vingança arde na pele
no rastro do inferno, pelos quintos
o pulso bate duro no meu dente
o ferro, corrimão, só me destroça
o corpo, meu irmão, cabe na fossa
da carne tatuada de absintos.
romério rômulo