uma bravura regenera a noite

13 janeiro, 2009 at 11:07 am 34 comentários

de quantas nuvens se faz uma loucura?
é construída a mão que bate o prego?
as estações do corpo só revelam
o hábito eloqüente do delírio.
que nos corroa a pedra, o visgo louco
da agonia!
desmonte do tamanho, o extirpado dente,
gengiva em sangue são a mesma face
do hábito terrível de ser homem.
quanta eloqüência travada no meu olho!

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tua voz desvenda a noite (mau) humor e poesia

34 Comentários Add your own

  • 1. mariza  |  13 janeiro, 2009 às 12:34 pm

    acho que ninguém sabe, Romério, de que matéria é feita a loucura.
    belo, mas dói feito espinho enterrado na carne.

    um beijo

    Responder
  • 2. Hercília Fernandes  |  13 janeiro, 2009 às 2:29 pm

    Boa tarde, Romério.

    Costuma dizer um amigo leitor que o poema é a “frase”. Bachelard também nos fala da existência de um verso dominante. Para mim, a síntese metafórica de seu poema incidi nessa construção frasal:

    “hábito eloqüente do delírio”.

    Essa é a grande atmosfera poética do poema. Embora haja [e aja], em torno dela, uma boa soma de metáforas que oferece significação ao texto, como esta: “estações do corpo”…

    Provoco-lhe: “Há hábito no desvario? No vôo e/ou na retina do poeta?”… “Ou, contrariamente, é a fortuna dos sonhos que desmonta [e retira] os travões existentes no olho humano?”…

    Só a sensibilidade visionária de um “artesão” construiria tal “peça”.

    Bravo, bravíssimo! Cada vez mais encantada com a sua literatura.

    H.F.

    Responder
  • 3. Romério Rômulo  |  13 janeiro, 2009 às 2:58 pm

    mariza:
    convivo com a loucura sem lhe conhecer a matéria.
    um beijo.
    romério

    Responder
  • 4. Romério Rômulo  |  13 janeiro, 2009 às 3:03 pm

    hercília fernandes:
    gostei da sua provocação.vou tentar resolvê-la na poesia.
    obrigado pelo bravo,bravíssimo.
    romério

    Responder
  • 5. Hercília Fernandes  |  13 janeiro, 2009 às 3:16 pm

    Romério,

    a resposta é o seu poema.

    Como disse, somente o olhar visionário de um artesão para modelar tal peça, (re)transcrevo:

    “o hábito eloqüente do delírio”.

    O poema é a [fortuna] frase. Frase que reinventa, regenera, empurra para o futuro.

    Bravíssimo!

    H.F.

    Responder
  • 6. Romério Rômulo  |  13 janeiro, 2009 às 3:34 pm

    hercília:
    a bibi,minha musa de 10 anos,filha da renata e do luis nassif,
    criou o termo “se achão”,depois que surgiu o “ele se acha”.
    com as suas palavras acabo um se achão.
    suas avaliações me apresentam um outro olhar.obrigado.
    romério

    Responder
  • 7. Mariana  |  13 janeiro, 2009 às 6:21 pm

    um corpo estalado, dolorido e semi-aberto, foi o que restou depois da poesia.

    belo de doer.

    Responder
  • 8. Romério Rômulo  |  13 janeiro, 2009 às 6:28 pm

    mariana:
    sua palavra é sempre bem vinda.
    romério

    Responder
  • 9. Bipede-Implume  |  13 janeiro, 2009 às 9:56 pm

    Tenho que que me apressar para te acompanhar.
    Tantos poemas e tantas emoções.
    Aqui é para viver, mesmo. Do lirismo de “tua voz desvenda a noite” a ” uma bravura regenera a noite” que dilacera fundo fica-nos a tua poesia libertária.
    Ainda a propósito de Cecíla Meireles, devo dizer que Ouro Preto é terra afortunada.
    Grande abraço.
    Isabel

    Responder
  • 10. Romério Rômulo  |  14 janeiro, 2009 às 12:16 pm

    isabel:
    por vezes o ritmo aqui acelera.sobre ouro preto,posso te dizer que uma boa parte dos principais poetas brasileiros passou por
    lá.
    um abraço.
    romério

    Responder
  • 11. Moacy Cirne  |  15 janeiro, 2009 às 1:12 am

    Oi, rapaz, tem um poema (antigo) seu no Balaio. Um abraço. Ah, sim, deveremos nos encontrar no sábado à tarde, né?

    Responder
  • 12. líria porto  |  15 janeiro, 2009 às 9:41 am

    beleza de versos! lembraram-me outros, antigos:

    trâmites
    líria porto

    com quantos desvios
    se faz uma curva

    com quantas mentiras
    se formam as dúvidas

    com quantas verdades
    sobrevivemos?

    *

    besossss

    Responder
  • 13. líria porto  |  15 janeiro, 2009 às 9:41 am

    ah – estás linkado em meu blog!

    Responder
  • 14. Romério Rômulo  |  15 janeiro, 2009 às 10:46 am

    moacy:
    já estive no balaio.e no sábado nos encontramos.
    pergunto:o cdc vai?
    um abraço.
    romério

    Responder
  • 15. Romério Rômulo  |  15 janeiro, 2009 às 10:49 am

    líria:
    essas perguntas são fundadoras.
    obrigado por me linkar no seu blog.
    um beijo.
    romério

    Responder
  • 16. rose m prado  |  15 janeiro, 2009 às 12:55 pm

    Romério

    Ontem eu havia caminhado aqui por sua plantação.

    E gostei. Fiz estrada pra vc , saindo lá da Tampa.

    Responder
  • 17. Romério Rômulo  |  15 janeiro, 2009 às 1:14 pm

    rose:
    vi a sua caminhada e o seu trilho.recaminhe.
    a plantação cresce.
    romério

    Responder
  • 18. Lou Vilela  |  15 janeiro, 2009 às 5:33 pm

    Vim agradecer pela visita e conhecer um pouco de seu trabalho. Belos versos! Abçs

    Responder
  • 19. pavitra  |  15 janeiro, 2009 às 10:55 pm

    quanto delírio cabe na minha leitura?
    tanto quanto possa!

    da bravura a bravíssimo –
    único caminho para os elogios.

    lindo! beijos

    Responder
  • 20. Marcelo Novaes  |  15 janeiro, 2009 às 11:26 pm

    Romério,

    Com onze nuvens e um aceno se faz uma loucura…

    Contendo nuvens, acenos, gestos e desatinos ( não loucura, ainda…), modulando a voz e modelando a própria face, fez-se o poema – esculpido e bem pregado. Também é quadro pra se botar na parede, de tão bem feito…

    Abração,

    Marcelo.

    Responder
  • 21. Romério Rômulo  |  16 janeiro, 2009 às 8:12 am

    pavitra:
    as leituras fazem o poema.em boa parte.
    um beijo.
    romério

    Responder
  • 22. Romério Rômulo  |  16 janeiro, 2009 às 8:15 am

    marcelo:
    você tem a chave de fazer loucura:o aceno.um poema bem pregado pode ser o nosso tema.
    um grande abraço.
    romério

    Responder
  • 23. Romério Rômulo  |  16 janeiro, 2009 às 8:22 am

    lou vilela:
    muito obrigado.apareça mais.um abraço.
    romério

    Responder
  • 24. adriana monteiro de barros  |  16 janeiro, 2009 às 3:03 pm

    …De quantas loucuras se precisou viver ou mesmo apenas pensar para se construir um poema? Eu dou minha vida. Bonito Romério. Aparecerei mais.

    um beijo,
    adriana monteiro de barros

    ps: já falou com a Pavitra?

    Responder
  • 25. CRIS LIMA  |  16 janeiro, 2009 às 7:47 pm

    LEIO…RELEIO…NÃO CANSO..NÃO GASTA…NÃO ENJOA…ENCANTA!
    CRIS

    Responder
  • 26. Romério Rômulo  |  18 janeiro, 2009 às 10:48 am

    adriana monteiro:
    a construção do poema sempre exige muito.apareça mesmo.
    já me encontrei com a pavitra.você,inclusive,estava no grupo.
    um beijo.
    romério

    Responder
  • 27. Romério Rômulo  |  18 janeiro, 2009 às 10:49 am

    cris lima:
    apareça e reapareça.
    romério

    Responder
  • 28. adriana monteiro de barros  |  18 janeiro, 2009 às 12:25 pm

    Postei um verso do Fernando Pessoa em homenagem a vcs . Quando puder dá uma passadinha por lá.
    bj

    Responder
  • 29. mariza  |  18 janeiro, 2009 às 2:58 pm

    Romério querido,
    respondo à sua pergunta em nova postagem em meu blogue, onde ousei, inclusive, reproduzir um poema seu sem pedir autorização. espero não fique chateado com esta amiga.
    beijo

    Responder
  • 30. Romério Rômulo  |  18 janeiro, 2009 às 4:29 pm

    adriana monteiro:
    estive lá,comentei e agradeço.
    um beijo.
    romério

    Responder
  • 31. Romério Rômulo  |  18 janeiro, 2009 às 4:31 pm

    mariza:
    qualquer texto meu está à sua disposição.
    um beijo.
    romério

    Responder
  • 32. Gisela  |  6 fevereiro, 2009 às 6:32 pm

    Gosto da sua poesia! Tem muita força! Eu é que lhe agradeço ter aparecido no meu blog.
    Um abraço

    Responder
  • 33. Romério Rômulo  |  6 fevereiro, 2009 às 7:45 pm

    obrigado,gisela.
    um abraço.
    romério

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